O último amigo, romance de Tahar Ben Jelloun é obra insólita do marroquino que nunca deixa de instalar suas tramas e seus personagens na balança dicotômica do bem e do mal, da normalidade e da estranheza, próprios do homem que é sapiens, mas que é também em grande medida, demens.
A verdade é que as relações humanas em Ben Jelloun estão sempre instaladas na severa e radical classificação da unicidade. Ou seja, quanto ao amor, só o primeiro é o único, e quanto à amizade, esta é também definida pela unicidade, pelo laço da excepcionalidade que une os seres amigos, reduzindo as relações a uma especial idéia nuclear de que vivemos uma única verdadeira emoção com os equivalentes emotivos: amores e amigos. Temos um de cada: um amor, um amigo, ao qual dedicamos as harmonias ou as loucuras nossa verdadeira essência. Assim é o panorama apresentado pelo autor em sua obra: o número dois rege os trâmites das condutas humanas: bons ou maus, amigos ou inimigos, amantes ou desamados, (qual o contrário de amantes, amado leitor?) e primeiros e únicos. E assim ele procura estabelecer pontes entre dois pontos, vagando com uma tênue lanterna pelos labirintos tenebrosos da alma humana, com uma energia que é forte na constatação dos fatos, mas que pela própria dualidade, é frágil e efêmera. Daí a força do três, das tríades que nos revelam que nem tanto ao mar, nem tanto à terra, nem tanto nem tão pouco, o três deixa uma margem de fôlego à nossa humanidade: é o reino da Trindade e também do triângulo que agrada a tantos, afinal, quem tem dois tem um...
É preciso que, repousando na praia serena longe da opção entre o bem e o mal, o homem seja devolvido e reintegrado ao espaço das possiblidades infinitas da existência , espaço este cosmogônico e generoso, apartado que está das prisões da dialética.
É preciso que, repousando na praia serena longe da opção entre o bem e o mal, o homem seja devolvido e reintegrado ao espaço das possiblidades infinitas da existência , espaço este cosmogônico e generoso, apartado que está das prisões da dialética.
O último amigo, (traduzido do francês por Maria Angela Vilela e publicado pela EditoraBertrand Brasil) é uma história de dois amigos que crescem juntos e que passam a existência em uma intensa confrontação de personalidades e objetivos. Avant seul...
Cláudia Falluh Balduino Ferreira.
Cláudia Falluh Balduino Ferreira.
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