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Brasília, DF, Brazil
Cláudia Falluh Balduino Ferreira é doutora em teoria literária e professora de literatura francesa e magrebina de expressão francesa na Universidade de Brasília. Sua pesquisa sobre a literatura árabe comunga com as fontes do sagrado, da arte, da história e da fenomenologia em busca do sentido e do conhecimento do humano.

segunda-feira, 30 de abril de 2012

Abdelkebir Khatibi. Entre a arte e a poesia


Abdelkébir Khatibi (1938-2009) nascido em El Jadida, sul marroquino, é um dos grandes nomes da literatura marroquina. Mas isso é dizer pouco. Frequentando os territórios da arte e da literatura, é inegável que a aliança que entre ambas estabelece é fundamentada na profunda consciência dos estados humanos da criação artística. Autor de obra imensa, Khatibi é caudaloso, e ao mesmo tempo trafega fluido e algo místico sobre a visão da arte caligráfica árabe, dela extraindo a quintessência.
A arte de escrever para Khatibi explora o vascularizado território do signo, seguindo estreitamente seus meandros, não o deixando escapar pela via da lógica pura, mas alcançando-o ao final, sem sair do signo e refletindo sob sua subjetividade transcendental, autônoma e geradora de sentidos maiores no corpo da literatura. Assim, a arte caligráfica árabe aprofundada pelas reflexões de Khatibianas em suas minuciosas explorações de estilos e tipos está intimamente relacionada com o fazer literário, especialmente a composição poética e romanesca. Esta, herdeira de tantos modos de apreensão visual do mundo, sobretudo aquele impresso pela caligrafia, em tantas infinitas superfícies do mundo árabe, resolve e é expressa sobretudo através dos espaços da prática espiritual.




Seu primeiro romance La mémoire tatouée (1971) é autobiográfico e nele o escritor marroquino  narra  sua experiência da ruptura entre o Ocidente e o Oriente, entravado por proibições milenares trás um questionamento que se refletirá na multiplicidade de sua obra. Entre ensaios, romances, poemas, obras de filosofia, de sociologia, a dupla problemática do nome e do indivíduo é um tema constante, articulado de diferentes formas conforme o gênero. Sua obra, que muitas vezes parece  inacessível, segue, na verdade, uma tragetória lógica, colocando a questão do ser a través do destino irreprimível de uma origem dupla.
Khatibi quer compreender o outro a partir de si próprio, através da dialética da identidade e da diferença, à moda de Barthes: a relação entre a natureza e o espírito se resolve através do símbolo.
Dentro do sistema islâmico onde a encarnação não tem lugar, há necessariamente uma animação das coisas e dos signos mais imediatos, como a caligrafia, a tatuagem. As relações só podem ser simbólicas.
Segue uma lista de obras deste fecundo autor.
  • La Blessure du nom propre, essai, Paris, Denoël, coll. Lettres Nouvelles, 1974 et 1986.
  • Vomito blanco (Le sionisme et la conscience malheureuse), essai, Coll. 10/18, 1974.
  • Le Lutteur de classe à la manière taoïste, poésie, Paris, Sindbad,1976.
  • Le Livre du sang, roman, Paris, Gallimard, 1979 et 1986.
  • Le Prophète voilé, pièce de théâtre, Paris, L’Harmattan, 1979.
  • Le Roman maghrébin, essai, Paris, Maspéro, 1968, rééd. Rabat,SMER, 1979.
  • De la mille et troisième nuit, essai, Rabat, SMER, 1980, rééd. dans Ombres japonaises.
  • Amour bilingue, récit, Montpellier, Fata Morgana, 1983.
  • Maghreb pluriel, essai, Paris, Denoël, 1983.
  • Le même livre, Correspondance avec J. Hassoun, Paris, Éditions de l’Éclat, 1985.
  • Du bilinguisme, Collectif, essai, Paris, Denoël, 1985.
  • Dédicace à l’année qui vient poésie, Montpellier, Fata Morgana, 1986.
  • Figures de l’étranger (dans la littérature française), essai, Paris, Denoël, 1987.
  • Par-dessus l'épaule, essai, Paris, Aubier, 1988.
  • Paradoxes du sionisme, essai, Rabat, Al Kalam, 1989.
  • Un été à Stockholm, roman, Paris, Flammarion, 1990.
  • Penser le Maghreb, essai, Rabat, SMER, 1993.
  • Triptyque de Rabat, roman, Paris, Noël Blandin, 1994.
  • L'Art calligraphique de l'islam, avec Mohamed Sijelmassi, essai, Paris, Gallimard, 1994.
  • Du signe à l'image, avec Ali Amahan, livre d'art sur le tapis marocain, Casablanca/Milan, Lak International, 1995.
  • Civilisation marocaine, sous dir. de Mohamed Sijelmassi essai, Arles, Actes Sud, et Casablan,ca, Editions Oum, 1996.
  • L'Alternance et les partis politiques, essai, Casablanca, Eddif, 1999.
  • La Langue de l'autre, essai, New York, Les Mains secrètes, 1999.
  • Vœu de silence, essai, Paris, Al Manar, 2000.
  • L'Art contemporain arabe, essai, Paris, Al Manar, 2001.
  • Le Corps oriental, essai, Paris, Hazan, 2002.
  • Pèlerinage d'un artiste amoureux, roman, Paris, Éditions du Rocher, 2003, Poche, Le Serpent à plumes, coll. Motifs, 2006.
  • Aimance, poésie, Paris, AL Manar, 2004.
  • Féerie et dissidence, collectif, Rabat, Institut Univ. de recherche scientifique, 2003.
  • Correspondance ouverte, avec G. EL Khayat, Rabat, Marsam, 2004.
  • Féerie d'un mutant, récit, La Serpent à plumes, 2005.
  • Quatuor poétique, essai, Paris, Al Manar, 2006.
  • Oeuvres de Abdelkébir Khatibi, Tome I : Romans et récits, Tome II: Poésie de l'Aimance, Tome III: Essais, Paris, Editions de La Différence, 2008.
  • Le scribe et son ombre, Paris, Éditions de La Différence, 2008.