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Brasília, DF, Brazil
Cláudia Falluh Balduino Ferreira é doutora em teoria literária e professora de literatura francesa e magrebina de expressão francesa na Universidade de Brasília. Sua pesquisa sobre a literatura árabe comunga com as fontes do sagrado, da arte, da história e da fenomenologia em busca do sentido e do conhecimento do humano.

segunda-feira, 22 de dezembro de 2014

II Jornada Literatura e Espiritualidade na UnB - vídeo

Caros leitores.

Compartilho com vocês o vídeo sobre passagens do evento II Jornada Literatura e Espiritualidade promovido pelo Grupo Estudos Literários Magrebinos Francófonos.
Este evento que acontece pela segunda vez na Universidade de Brasília é uma iniciativa do Grupo de Estudos Literários Magrebinos Francófonos que este ano contou com a participação do Grupo Literatura e Sagrado na sua composição. A marca fundamental do evento é a análise e apresentação dos aspectos do sagrado no texto literário. Assim, textos de diversas literaturas são estudados à luz de diversas religiões como o cristianismo, o islã, o judaismo, entre outras!
Segue o vídeo. Aproveitem! 

Um forte abraço e tudo de bom
Cláudia Falluh Balduino Ferreira

https://www.youtube.com/watch?v=mo7Wd3I0ELw





quinta-feira, 4 de dezembro de 2014

Vinte mil visualizações do Blog Literatura Magrebina Francófona, ou a literatura como um instrumento de cultura interior.

Estimados leitores, saudações!



     A divulgação e reflexão sobre literatura é, acima de tudo, um prazer, e assim combina, como quero e acredito, com o dizer de Gustave Lanson, "A literatura está destinada a nos legar um prazer, mas um prazer intelectual, de vez que está ligada ao engenho de nossas faculdades intelectuais, faculdades estas que, a seu contato saem fortificadas, leves, enriquecidas."

     Estes últimos anos foram de intensa atividade  de pesquisa e o Blog Literatura Magrebina Francófona, meu canal preferido, meu tipo inesquecível!
Concebido e inteiramente montado por mim, ele tem trazido reflexões importantes sobre a literatura árabe de expressão francesa: literatura dos árabes falantes de francês. 
Mão de Fátima. Amuleto.

     Deste lado do Atlântico, contudo, o mundo magrebino pouco ressoa além das páginas turísticas: são as praias de Agadir, os crepúsculos de Marraqueche, os souvenis de Casablanca, a medina de Argel, branca e suave. 
     Mas o Magreb literário é outro. Não menos belo, tampouco, simples. O exotismo fragmenta-se em uma verdade que a palavra transporta dos velhos pátios mouriscos para o interior das páginas da literatura magrebina. Nelas entramos, com pudica reserva dos que atravessam os portais das primeiras páginas, como o visitante que perpassa os portões das casas magrebinas, para boqueaberto admirar o mundo colorido, refrescante e aprazível das moradas marroquinas, suas fontes, seus relógios solares, seus brocados e cetins internos. 
     Mas que não se iluda o leitor. Nada é dado de graça. A casa é um arquétipo astuto e misterioso. É lar, mas é também porões e sótãos. É morada, mas é também cozinha angustiosa, quartos solitários, esquecidos, trancados para sempre, chaves ocultas, cadeados infames, clarabóias especulares e infinitas. A casa-literatura magrebina é austera morada de fé e pecado, de mulheres e homens perpassados por paixão, êxtase, mas também culpa, é terraço aberto ao céu e ao raio, é belvedere onde se ama e se chora, reservando para o final a contemplação do destino e do horizonte derradeiro. Cabe ao leitor descobrir a chave, desvelar passo a passo a casa, fôlego contido, respirar aliviado porta a porta  e, temeroso com os rangidos e tremores, finalmente entrar. 
    Cabe ao leitor deixar passar os ventos da memória, da erudição, da curiosidade. 
  Já ao autor cabem as armadilhas, as tocaias, os degraus traiçoeiros, os escuros indecentes, a transparência vítrea das verdades da fé, do amor e do ludismo, ou da escravidão. 
     Essa é a literatura árabe magrebina com a qual tenho lidado.
   Espero que esteja sempre por aqui, caro leitor, a descobrir nos nomes ofertados e a devotar à descoberta dos textos um olhar no grau daquele lançado ao objeto de amor que temos e que, ora nos escapa, ora nos fastia, porque é etéreo, efêmero, infinitamente constante e inconstante, impermanente e eterno, ou seja, plenamente literário.

     Meu abraço agradecido pela sua visita que compôs vinte mil olhares.

     Cláudia Falluh Balduino Ferreira