Conheça-nos.

Minha foto
Brasília, DF, Brazil
Cláudia Falluh Balduino Ferreira é doutora em teoria literária e professora de literatura francesa e magrebina de expressão francesa na Universidade de Brasília. Sua pesquisa sobre a literatura árabe comunga com as fontes do sagrado, da arte, da história e da fenomenologia em busca do sentido e do conhecimento do humano.

quinta-feira, 29 de dezembro de 2011

Joyeuses Fêtes

Notre Groupe de Recherches Littératures Maghrébines Francophones souhaite à tous les amis chercheurs une excellente année 2012. Que cette recherche qui nous fascine soit toujours une source de connaissance sur la vie, sur le vécu et sur l'humain. Bonnes Fêtes à tous!

terça-feira, 27 de dezembro de 2011

Samir Sassi


TUNISIA: Literaturas árabes nascidas no cárcere. De que forma o encarceramento pode ser tido como um momento em que a criação e ex-pressão da palavra são reflexos da angústia mas também um modo de purgá-la?  Confira a forma como a arte carceral vem romper o silêncio dos "não-inocentes" e humanizar a solidão através da "terapia" que a literatura pode significar.

Borj Erroumi. Esta peça teatral escrita por Samir Sassi, cujo título Borj Erroumi lembra o nome desta prisão que foi concebida para delinquentes de alta periculosidade, mas que recebeu inúmeros presos políticos, faz parte deste novo gênero de literatura carceral que une a experiência  ao imaginário. Na Tunísia pós Ben Ali, os arquivos são abertos e a palavra dada aos detentos. É quando a emoção vem à tona e o imaginário permite ao artista sair desta amarga realidade que existiu nas prisões tunisianas durante meio século após a independência.

Confira mais em:

http://www.jetsetmagazine.net/culture/revue,presse/nouvelle-litterature-carcerale-de-la-tunisie-de-lapres-revolution.21.11360.html

sábado, 17 de dezembro de 2011

Rachid Boudjedra

Nosso autor do momento : o argelino Rachid Boudjedra

Em sua estada no Brasil e especialmente na Universidade de Brasília, o Rachid Boudjedra presenteou o público com a sua eloquência, com a força da sua personalidade marcante, homem que viveu momentos difíceis juntamente com sua família, especialmente seu pai, prisioneiro durante 18 anos, sob o regime do protetorado francês.

"Rachid Boudjedra nasceu em 1941 em Aïn-Beïda, Argélia. Sua obra ocupa importante espaço na literatura produzida após a guerra de libertação de seu país (1954-1962). Escreveu sempre em francês, mas atualmente se dedica também à produção em árabe. Desde seu primeiro romance, La Répudiation (1969), Boudjedra volta seu olhar para as contradições da Argélia independente — nação em que ainda é notável o embate entre a modernidade e o respeito à tradição.
Preocupação constante em seu trabalho são as condições do imigrante magrebino na Europa, especialmente na França, como ocorre no presente Topografia ideal para uma agressão caracterizada. Fortemente influenciado pelo nouveau roman francês, ganhou notoriedade por sua escrita sofisticada.
Além de romancista, Rachid Boudjedra é professor, poeta, ensaísta, autor de teatro e cinema, tendo assinado o roteiro do notável Crônica dos anos de brasa (Palma de Ouro em Cannes, 1975), dirigido por Mohammed Lakhdar Amina. Ministrou aulas em diversas universidades do mundo árabe e europeu. Em 1987, uma fatwa islâmica com sentença de morte foi emitida contra o escritor, por considerarem que sua obra representa uma afronta aos fundamentos do Islã. Entre suas obras mais recentes, constam La Fascination(2000), Les Funérailles (2002) e L’Hôtel Saint Georges (2007)." in:
http://www.estacaoliberdade.com.br/autores/boudjedra.htm

Como pronunciar Boudjedra? Clique aqui para saber!

http://www.forvo.com/word/rachid_boudjedra/

quarta-feira, 14 de dezembro de 2011

Rachid Mimouni

Nosso autor do momento: o argelino
 RACHID MIMOUNI.


Quem lê "L'Honneur de la tribu"  se encontra diante de um território onde os eflúvios pantagruélicos e as efervescências mágicas das Mil e uma noites  se fundem à prosa ardente deste escritor argelino.  Dono de uma das vozes que melhor enalteceu o jeito autêntico dos ancestrais, da vida oculta dos povos profundos de Argélia, ele faz rir e chorar o leitor que em busca da paz da leitura, cai imediatamente na armadilha astuciosa do verbo turbulento e iconoclasta deste fantástico mestre das palavras, Rachid Mimouni. Compromissos, família, amores? Tarde demais... O leitor está definitivamente preso nas malhas deste livro supremo e deixá-lo é tão desafiador quanto a própria leitura. Enredamento instantâneo, segue um trecho para a felicidade dos incautos.



 "C'était une terrible nuit d'hiver, avec la neige qui s'accumulait, le vent qui hurlait et le froid si vif que la mégère avait décidé de brûler les cornes de sa chévre pour se réchauffer.
 La porte d'n coup de pied abattue livra passage au double canon qu'éclaira la chandelle allumée par le pére d'Aïssa. Fusil nerveux, Hassan happa le poignet de la pucelle et disparut dans la tourmente nocture.
 Les lamentations de la mére réveillèrent les habitants du village. Son époux s'arma d'un casse-tête et s'en alla cogner sur la porte du père de Hassan qui faillit se faire asommer n'était la prompte intervention de quelques voisins qui continrent le corps sinon la fureur de l'homme à l'honneur baflué. On prêcha l'apaisement. L'intervention de l'imam calma la dispute. Le pére d'Aïssa consentit á raconter l'incident. Comme il s'était mis à pleuvoir, on décida de rallier la saslle de la mosquée.
Sommé de s'expliquer, le géniteur de Hassan se montra d'une brutale franchise.
_ Vous savez bien que je n'ai pu tenir en main ce voyou. Ce n'est pas faute d'avoir essayé. Autant que vous, je réprouve l'acte qu'il vient de commetre. C'est d'abord mon honneur que cet homme à bafoué. Dès demain, si vous le voulez, nous irons battre la forêt à sa recherche. Et je vous jure que si nous le débusquons, mon doigt n'hésitera pas à presser la détente du fusil.
La batue se révéla vaine, au grand soulagement, non seulement des personnes non impliqués, mais aussi du père d'Aïssa, effayé par la perspective d'une mise à mort, mais du père de Hassan qui craignait de devoir tenir parole.
Tout en condamnant sévèrement le procédé, la plupart d'entre nout s'accordait à reconnaître le beau couple qu'ils formaient. Et nous n'étions pas suffisamment naïfs pour croire que le géant aurait pu entraîner si facilement la géante. En fait. cette dernière se montra d'une docilité imprévue. Elle se laissa mener sans vraiment opposer de résistance, et, dans la grotte qui les abrita, il n'aurait jamais pu l'approcher sans son consentement." (L'honneur de la tribu" pp. 51 et 52)

Não perca a excelente entrevista com o autor, um clássico de 1989. Interview  avec l'auteur.

http://www.ina.fr/art-et-culture/litterature/video/CPB89004882/rachid-mimouni.fr.html

quinta-feira, 8 de dezembro de 2011

Mohamed Dib

Nosso autor da semana: O argelino MOHAMMED DIB.

Da Argélia à França, a vida de Mohmmed Dib, um dos mais célebres escritores de expressão francesa, foi mais que um simples exílio: foi, isso sim, um percurso literário sem par que marcou várias gerações de romancistas e de leitores tanto pela sua exigência quanto pela suprema liberdade que marca sua obra.
Poeta, romancista e "conteur", Mohammed Dib renovou constantemente sua escrita, bebendo nas fontes de sua terra natal para expressar as difíceis relações com o outro, com o estrangeiro, com a dupla cultura e com o enigma de nossa presença no mundo. O conjunto de sua obra é coroado com o Grand Prix de la Francophonie de l'Académie Française e sua poesia em particular com o Prix Stéphane Mallarmé. Em seu último romance Laëzza, ele evoca tanto as paixões que não se inscrevem no plano do real, sua infância em Tlemcen, esta presença intacta que ele nos transmete de maneira simples mas também luminosa.
Mohammed Dib nasceu em 1920, na Argélia e faleceu em 2003 em La-Celle-Saint-Cloud, França.

Aproveite este trecho do romance Laëzza. Boa leitura!

"Et ils se sont mis à vivre cette vie de bâton de chaise; sans s'être concertés plus que ça, à ne vivre qu'elle, une folie à deux. Se télescopant, les jours se succèdent depuis, tout blancs. Nuits comprises. Oubliant de rentrer chez eux, de rentrer où que ce soit, lui chez elle, ou elle chez lui. La rue. Ils y ont pris leurs quartiers, ne s'inscrivant dans aucun territoire, aucun regiestre. Geulards, pochards, cafards, pendards, geusards, jobards, glaviotards, vachards, ce cataloque du beau monde au complet, le gandin et la mirliflore se le sont vu présenter sur un plateau. Le dessus du panier. Évidemment. La capitale comme ça vit; comme elle se vit."

segunda-feira, 28 de novembro de 2011

Alaa el-Aswany

Qual o laço entre literatura e política? Para o escritor egípcio Alaa el-Aswany,  "A  literatura é um instrumento de defesa dos direitos humanos, em que a liberdade é defendida, a justiça, a igualdade humana são defendidas pela escrita do romance. (...) Não posso escrever romances e negligenciar o que se passa no Egito." Confira o vídeo.
 http://www.france24.com/fr/20110210-fr-culture-litterature-contemporaine-egyptienne-taxi-comite

Conheça o tom de el-Aswany no célebre romance L'Immeuble Yacoubian. Boa leitura!

"Entre les deux vieillards, il y avait aussi toute la morosité, l'impatience, l'opiniâtreté qui accompagnent la vieillesse, en plus de cette tension qui suscite toujours le rapprochement de deux personnalités plus longtemps que nécessaire.
L'un des deux occupe la salle de bain alors que l'autre veut l'utiliser, l'un voit le visage renfrogné de l'autre au moment du réveil, l'un a besoin de silence tandis que l'autre s'obstine à parler.
Il suffit même de la simple présence d'une autre personne, qui ne vous quitte ni de jour, ni de nuit, dont le regard vous fixe, qui vous prend à partie, qui, reprend ce que vous dites, qui s'assoit pour manger avec vous alors que le bruit de ses molaires lorsqu'elle mastique vous irrite et que vous devient insupportable jusqu'au bruit de sa cuillère heurtant l'assiette.
Insupportable, le silence de l'autre.
Insupportable, le fait de parler à un mur, à quelqu'un qui, tout en faisant semblant de vous écouter, pense à autre chose ou pire...ne pense à rien.
Tous ces gestes, ces bruits, ces odeurs, autrefois attendrissants, devenus exaspérants.
Il n'y a, en vérité, rien de pire qu'un amour viellissant.
L'amour est une affaire de chaque jour, c'est un animal vorace qu'il faut nourrir sous peine qu'il n e vous détruise, un feu qui doit rester attisé, sous peine de mourir de froid.
C'est un effort aussi, quelquefois, sous peine de périr d'ennui.
Il faut l'arroser, luji donner de la semence,de l'engrais.
Il n'y a rien de plus triste que deux vieillards face-à-face, murés dans le silence, qui attendent avec haine la mort de l'un des deux.
Et puis, que fait l'autre quand il reste ?"

domingo, 20 de novembro de 2011

Ainda poesia de Ben Jelloun

As filhas de Tanger.

As filhas de Tanger têm uma estrela sobre cada seio.
Cúmplices da noite e dos ventos, elas moram nas conchas sobre um rio de ternura. Vizinhas do sol que lhes sopra a manhã como uma lágrima na boca, elas têm um jardim.
Um jardim escondido na aurora, em algum lugar na velha cidade onde os contadores de história fabricam barcas para os pássaros gigantes da lenda. Elas trançaram um fio de ouro na cabeleira rebelde. Belas como a chama erguida na solidão, como o desejo que ergue as pálpebras da noite, como a mão que se abre sobre a oferenda, fruto dos mares e das areias . Elas vão à cidade aspergir a luz do dia e dar de beber aos homens suspensos nas núvens. Mas a cidade tem duas faces: uma par amar outra para trair. O corpo é um labirinto traçado pela gazela que roubou o mel dos lábios da criança. Uma echarpe lilás ou tingida amarrada sobre a fronte para preservar o escrito da noite sobre o corpo virgem. Uma flor sem nome brotou entre duas pedras. Uma flor sem nome acendeu o fogo no céu do dia ferido. Uma fenda nos lábios por onde passa a música que faz dançar os espelhos. As filhas, descidas de um pico vizinho, nuas por detrás do véu do firmamento mordem um fruto maduro. Chove cascalho sobre o véu. O véu se transforma em riacho. As filhas, sereias que fazem amor com as estrelas. As filhas de Tanger acordaram esta manhã. Tinham areia entre os seios. Sentadas em um banco da praça. Orfãs.

 In: Cicatrizes do Atlas. Brasília: Universidade de Brasília. 2003. Tradução de Cláudia Falluh.

quarta-feira, 16 de novembro de 2011

Tahar Ben Jelloun escreve em homenagem às vítimas do conflito palestino. Gente simples, morta pela arrogância imperialista. O jovem Ali é o epitáfio do poema.

Ali Saleh Saleh

29 de abril de 1983
Levaram o corpo dele enrolado em uma pele de carneiro.
a cabeça e os pés ficavam de fora
brancos de poeira.
Lentamente seus membros se deitaram no dia
o solo se abriu e o enlaçou em um abraço infinito.
Ele tinha dezessete anos,
Ali Saleh Saleh
seu primeiro amor em Saïda
a morte atada aos quadris da árvore.

in: As Cicatrizes do Atlas. Poesia de T.Benjelloun.  Brasília: Universidade de Brasília, 2003. Tradução de Cláudia Falluh Balduino Ferreira.
Alguma poesia de Tahar Ben Jelloun.

Que mon peuple me pardonne.


Toi qui ne sais pas lire
        tiens mes poèmes,
        tiens mes livres,
fais-en un feu pour rechauffer tes solitudes.
Que chaque mot alimente ta braise
Que chaque souffle dure dans le ciel qui s'ouvre.


Toi qui ne sais pas écrire
Que ton corps et ton sang me content l'histoire du pays
parle


Sera-ce illusion de l'arc-en-ciel
que d'être de toi
de ce corps qu'on mutile


Je lirai les livres à l'envers
pour mieux lire un champ de fleurs sur ton visage


Je parlerai la langue du bois et de la terre
pour entrer dans la foule qui se soulève.

in: Poésie complète. Paris: Seuil, 1993. 

sexta-feira, 4 de novembro de 2011

Bem-vindos ao Blog do grupo LIMAF

Seja bem-vindo ao Blog do G.P. Estudos Literários Magrebinos Francófonos!
Certificado no mês de outubro de 2011  o grupo inaugura no Departamento de Teoria Literária e Literaturas da Universidade de Brasília o primeiro espaço consagrado à pesquisa das literaturas árabes de expressão francesa.
As alianças do Brasil com o Mundo Árabe são antigas e fecundas. Todavia nossas distâncias tornam nossos contatos raros, mas não menos fraternos.
Assim, o Blog do Grupo de Estudos Literários Francófonos quer ser um espaço de diálogos e revelações através da universalidade da pesquisa sobre a literatura dos mundos literários marroquinos, argelinos e tunisianos.