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Brasília, DF, Brazil
Cláudia Falluh Balduino Ferreira é doutora em teoria literária e professora de literatura francesa e magrebina de expressão francesa na Universidade de Brasília. Sua pesquisa sobre a literatura árabe comunga com as fontes do sagrado, da arte, da história e da fenomenologia em busca do sentido e do conhecimento do humano.

segunda-feira, 28 de novembro de 2011

Alaa el-Aswany

Qual o laço entre literatura e política? Para o escritor egípcio Alaa el-Aswany,  "A  literatura é um instrumento de defesa dos direitos humanos, em que a liberdade é defendida, a justiça, a igualdade humana são defendidas pela escrita do romance. (...) Não posso escrever romances e negligenciar o que se passa no Egito." Confira o vídeo.
 http://www.france24.com/fr/20110210-fr-culture-litterature-contemporaine-egyptienne-taxi-comite

Conheça o tom de el-Aswany no célebre romance L'Immeuble Yacoubian. Boa leitura!

"Entre les deux vieillards, il y avait aussi toute la morosité, l'impatience, l'opiniâtreté qui accompagnent la vieillesse, en plus de cette tension qui suscite toujours le rapprochement de deux personnalités plus longtemps que nécessaire.
L'un des deux occupe la salle de bain alors que l'autre veut l'utiliser, l'un voit le visage renfrogné de l'autre au moment du réveil, l'un a besoin de silence tandis que l'autre s'obstine à parler.
Il suffit même de la simple présence d'une autre personne, qui ne vous quitte ni de jour, ni de nuit, dont le regard vous fixe, qui vous prend à partie, qui, reprend ce que vous dites, qui s'assoit pour manger avec vous alors que le bruit de ses molaires lorsqu'elle mastique vous irrite et que vous devient insupportable jusqu'au bruit de sa cuillère heurtant l'assiette.
Insupportable, le silence de l'autre.
Insupportable, le fait de parler à un mur, à quelqu'un qui, tout en faisant semblant de vous écouter, pense à autre chose ou pire...ne pense à rien.
Tous ces gestes, ces bruits, ces odeurs, autrefois attendrissants, devenus exaspérants.
Il n'y a, en vérité, rien de pire qu'un amour viellissant.
L'amour est une affaire de chaque jour, c'est un animal vorace qu'il faut nourrir sous peine qu'il n e vous détruise, un feu qui doit rester attisé, sous peine de mourir de froid.
C'est un effort aussi, quelquefois, sous peine de périr d'ennui.
Il faut l'arroser, luji donner de la semence,de l'engrais.
Il n'y a rien de plus triste que deux vieillards face-à-face, murés dans le silence, qui attendent avec haine la mort de l'un des deux.
Et puis, que fait l'autre quand il reste ?"

domingo, 20 de novembro de 2011

Ainda poesia de Ben Jelloun

As filhas de Tanger.

As filhas de Tanger têm uma estrela sobre cada seio.
Cúmplices da noite e dos ventos, elas moram nas conchas sobre um rio de ternura. Vizinhas do sol que lhes sopra a manhã como uma lágrima na boca, elas têm um jardim.
Um jardim escondido na aurora, em algum lugar na velha cidade onde os contadores de história fabricam barcas para os pássaros gigantes da lenda. Elas trançaram um fio de ouro na cabeleira rebelde. Belas como a chama erguida na solidão, como o desejo que ergue as pálpebras da noite, como a mão que se abre sobre a oferenda, fruto dos mares e das areias . Elas vão à cidade aspergir a luz do dia e dar de beber aos homens suspensos nas núvens. Mas a cidade tem duas faces: uma par amar outra para trair. O corpo é um labirinto traçado pela gazela que roubou o mel dos lábios da criança. Uma echarpe lilás ou tingida amarrada sobre a fronte para preservar o escrito da noite sobre o corpo virgem. Uma flor sem nome brotou entre duas pedras. Uma flor sem nome acendeu o fogo no céu do dia ferido. Uma fenda nos lábios por onde passa a música que faz dançar os espelhos. As filhas, descidas de um pico vizinho, nuas por detrás do véu do firmamento mordem um fruto maduro. Chove cascalho sobre o véu. O véu se transforma em riacho. As filhas, sereias que fazem amor com as estrelas. As filhas de Tanger acordaram esta manhã. Tinham areia entre os seios. Sentadas em um banco da praça. Orfãs.

 In: Cicatrizes do Atlas. Brasília: Universidade de Brasília. 2003. Tradução de Cláudia Falluh.

quarta-feira, 16 de novembro de 2011

Tahar Ben Jelloun escreve em homenagem às vítimas do conflito palestino. Gente simples, morta pela arrogância imperialista. O jovem Ali é o epitáfio do poema.

Ali Saleh Saleh

29 de abril de 1983
Levaram o corpo dele enrolado em uma pele de carneiro.
a cabeça e os pés ficavam de fora
brancos de poeira.
Lentamente seus membros se deitaram no dia
o solo se abriu e o enlaçou em um abraço infinito.
Ele tinha dezessete anos,
Ali Saleh Saleh
seu primeiro amor em Saïda
a morte atada aos quadris da árvore.

in: As Cicatrizes do Atlas. Poesia de T.Benjelloun.  Brasília: Universidade de Brasília, 2003. Tradução de Cláudia Falluh Balduino Ferreira.
Alguma poesia de Tahar Ben Jelloun.

Que mon peuple me pardonne.


Toi qui ne sais pas lire
        tiens mes poèmes,
        tiens mes livres,
fais-en un feu pour rechauffer tes solitudes.
Que chaque mot alimente ta braise
Que chaque souffle dure dans le ciel qui s'ouvre.


Toi qui ne sais pas écrire
Que ton corps et ton sang me content l'histoire du pays
parle


Sera-ce illusion de l'arc-en-ciel
que d'être de toi
de ce corps qu'on mutile


Je lirai les livres à l'envers
pour mieux lire un champ de fleurs sur ton visage


Je parlerai la langue du bois et de la terre
pour entrer dans la foule qui se soulève.

in: Poésie complète. Paris: Seuil, 1993. 

sexta-feira, 4 de novembro de 2011

Bem-vindos ao Blog do grupo LIMAF

Seja bem-vindo ao Blog do G.P. Estudos Literários Magrebinos Francófonos!
Certificado no mês de outubro de 2011  o grupo inaugura no Departamento de Teoria Literária e Literaturas da Universidade de Brasília o primeiro espaço consagrado à pesquisa das literaturas árabes de expressão francesa.
As alianças do Brasil com o Mundo Árabe são antigas e fecundas. Todavia nossas distâncias tornam nossos contatos raros, mas não menos fraternos.
Assim, o Blog do Grupo de Estudos Literários Francófonos quer ser um espaço de diálogos e revelações através da universalidade da pesquisa sobre a literatura dos mundos literários marroquinos, argelinos e tunisianos.