É claro que a poesia
nada pode contra a vida. É claro também que da vida pouco resta sem poesia.
Mais claro ainda que a poesia sobre a dor, a tristeza e a perda pouco é poesia,
mais é vida, mais é oração. Se a oração ganha os corações, breve ganhará as páginas,
pois o coração do poeta é branco de linhas negras. E se ganha o coração do poeta, é porque viu o
mundo e viu a vida e a consequência é um misto das duas, em uma simbiose aguda
e inseparável a poevida, ou a vidapoiesis.
É desta simbiose
estranha e contumaz que surgiram os poemas de La remontée des cendres do marroquino
Tahar Ben Jelloun. Escrito em memória dos mártires do Golfo e do conflito palestino em 1992, o livro ressurge hoje atordoando a todos com sua velhinovice reformulada. Velho porque poesia; novo porque o conflito novamente aí está: o Iraque novamente vilipendiado, duplamente destruido, logo desaparecendo, e crianças palestinas às centenas sendo dizimadas sob os olhos tutelares e cínicos das potencias imperialistas do ocidente, que além de velhas, são hipócritas e sádicas.O assassinado de um jovem palestino Mohammed Abu Khudair queimado vivo em vingança ao assassinato de três adolescentes israelenses em 1º de julho de 2014 faz um coro funéreo com o poema sobre o rapaz Ali Saleh Saleh, de La remontée, executado em 1983.
Tahar Ben Jelloun. Escrito em memória dos mártires do Golfo e do conflito palestino em 1992, o livro ressurge hoje atordoando a todos com sua velhinovice reformulada. Velho porque poesia; novo porque o conflito novamente aí está: o Iraque novamente vilipendiado, duplamente destruido, logo desaparecendo, e crianças palestinas às centenas sendo dizimadas sob os olhos tutelares e cínicos das potencias imperialistas do ocidente, que além de velhas, são hipócritas e sádicas.O assassinado de um jovem palestino Mohammed Abu Khudair queimado vivo em vingança ao assassinato de três adolescentes israelenses em 1º de julho de 2014 faz um coro funéreo com o poema sobre o rapaz Ali Saleh Saleh, de La remontée, executado em 1983.
Acusações, talião,
revanche, neste clima as questões evoluíram até o que a presente se vê pela
televisão: Gaza arde em chamas e luto, e todos nós, impotentes diante do fato.
Por isso a poesia, no caso
a poesia marroquina de expressão francesa surge para transcender a desonra e a crueldade
para dizer que o conflito palestino continua a girar rumo ao alto a pedra
sacrificial e sisifiana. Mas haja poesia, que no fundo, é totalmente inútil se não se converter em oração...
Ali Saleh Saleh
29 de abril de
1983
Levaram o corpo
dele enrolado em uma pele de carneiro
a cabeça e os
pés nus ficavam de fora
brancos de
poeira.
dia
O solo se abriu
e o enlaçou num infinito
abraço.
Ele tinha
dezessete anos
Ali Saleh Saleh
Seu primeiro
amor em Saída
foi a morte
atada aos quadris da árvore.
Sobre Calligraphie de la douleur:
Sobre Calligraphie de la douleur:
De quelle façon le poète arabo-musulman moderne hérite-t-il de la tradition artistique et religieuse du passé et les transforme-t-il en agents d'une poétique? A quel point le poète du présent et le monde du passé concilient un projet commun? Ce sont ces questions, entre autres, que ce livre cherche à éclairer visitant les élégies immenses et profondes de La Remontée des cendres, de Tahar Ben Jelloun, poèmes écrits sur la guerre du Golfe et le conflit palestinien. L'entrecroisement de la littérature et de l'art calligraphique et des arabesques, la question de l'image dans islam des débuts, guideront ce texte vers les origines et allieront l'histoire et la phénoménologie dans l'explication du sens propre de la poésie arabe moderne. Il s'agit d'une analyse de cette poésie qui répudie la banalisation de la douleur et rend hommage aux martyrs, visitant le tragique à la lumière transcendante des arts. Le poète et le calligraphe tissent les images et le monde par le biais du mot. Tous les deux captifs à jamais, non des dogmes, mais de la perception et du vécu.
Cláudia,
ResponderExcluirHá a possibilidade de seu livro sair algum dia em português?